Dream Team: Seleção da Argentina de 1978 - A equipa que devolveu a fé a um povo

Dream Team é uma rúbrica do blog Passe a Rasgar, onde serão recordadas as grandes equipas que fizeram história no desporto-rei, seja ao nível dos clubes ou ao nível das seleções.

O Campeonato do Mundo de 1978 realizou-se na Argentina depois de um longo período de espera para acolher um evento desta dimensão. O futebol acabou por ser ofuscado por outras polémicas mas, apesar disso, a Argentina conseguiu conquistar o seu primeiro título mundial.

Os argentinos não estavam muito confiantes para uma boa prestação no Mundial, apesar da seleção contar com jogadores de elevada qualidade como era o caso de Pato Fillol, Mario Kempes, Daniel Passarella ou Luque, por exemplo, entre outros. A comandar este elenco de luxo estava César Menotti, desde 1975. O ex-jogador argentino da década de 60 começou desde cedo a preparar a equipa para a conquista do Mundial. Menotti montou uma equipa coesa, forte defensivamente e criativa na frente de ataque. 

No entanto, o selecionador nacional acabou por deixar de fora um jovem de 17 anos de idade que já espalhava a sua classe e qualidade pelos relvados argentinos: Diego Armando Maradona.  A seleção albiceleste ficou no Grupo 1 com França, Itália e Hungria. No primeiro jogo, a Argentina bateu com dificuldade a Hungria por 2-1, com golos de Luque e Bertoni. Na 2ª jornada, seguiu-se a França de Michel Platini e o resultado foi igual, com a Argentina a sentir enormes dificuldades para ultrapassar a seleção gaulesa. Na jornada de encerramento da fase de grupos, a Itália venceu a Argentina por 1-0 com golo de Bategga. Com esta sequência de resultados, a Argentina apurou-se para a próxima fase em 2º lugar do grupo, com 4 pontos amealhados, menos 2 do que a Itália.

NAS ASAS DE MARIO KEMPES
As duas melhores seleções de cada grupo passaram à próxima fase, que era constituída por dois grupos de quatro equipas cada. A Argentina ficou no mesmo grupo com Brasil, Polónia e Peru, que havia eliminado Kempes nas eliminatórias de acesso ao Mundial de 1970 no México. A Polónia foi o primeiro adversário nesta fase, com 'El Matador' a transportar para campo toda a sua qualidade, apontando os dois golos da vitória argentina. O jogo seguinte ditava qual das seleções do Grupo B é que marcaria presença na final. O clássico Argentina - Brasil colocou todos os olhares sobre o estádio de Rosário. O jogo foi bastante equilibrado e bem disputado, com ambas as seleções sul-americanas a recorrerem às faltas. 51 faltas em apenas 90 minutos, um recorde para o Campeonato do Mundo de 1978. No final, o resultado inicial permaneceu e o jogo decisivo ficou marcado para a última jornada.

A polémica instalou-se quando o Brasil defrontou a Seleção da Polónia mais cedo do que o jogo entre a Argentina e o Peru. O Brasil venceu por 3-1, o que fazia com que a Argentina tivesse de vencer o Peru por 4-0 para alcançar a final. Poucos adeptos acreditariam em tal proeza, dado que a Seleção do Peru realizou uma boa fase de grupos, terminando no 1º lugar à frente da Holanda. Contra todas as expetativas, a Seleção da Argentina goleou a congénere peruana por 6-0. Mario Kempes marcou dois, Luque outros dois,  Alberto Tarantini um e René Houseman outro.

ORGULHO 'ALBICELESTE'
A Seleção da Argentina alcançou a tão desejada e inesperada final. Pela frente tinha uma seleção de grande calibre, a Holanda, vice-campeã mundial em 1974. A Laranja Mecânica estava longe de ter o brilhantismo de outros tempos, agravado pelo facto de Johan Cruyff ter-se recusado a marcar presença no Mundial de 1978 face à crise política em que a Argentina estava mergulhada. Rinus Michels também foi outros dos grandes ausentes, uma vez que em 1978 já tinha deixado o comando técnico da seleção holandesa para treinar a equipa do Barcelona.

No dia 25 de Junho de 1978, o Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, encheu-se para ver a Argentina alcançar o seu primeiro título mundial. O jogo prometia equilíbrio e golos, e foi exatamente isso que aconteceu. A Argentina adotou uma postura mais expetante de forma a não conceder espaços à Holanda. Aos 38 minutos, Mario Kempes inaugurou o marcador. No segundo tempo, a equipa de César Luis Menotti procurou manter a vantagem, mas a Holanda foi mais determinada e aos 82 minutos chegou à igualdade por Dick Nanninga. Resembrink teve ainda a oportunidade de levar o título para a Holanda no último minuto, mas o remate bateu na trave.

A final seria decidida no tempo extra com a Argentina a levar a melhor. A seleção das pampas entrou nos últimos 30 minutos de jogo decidida a conquistar o seu primeiro título mundial e apresentou um futebol mais ofensivo. Aos 105 minutos, Mario Kempes fez o 2-1 na sequência de uma recarga a um remate que ele próprio tinha executado. O '10' argentino fazia assim o seu sexto golo na competição e colocava a Argentina mais perto do topo. Aos 116 minutos, ainda houve tempo para Bertoni ampliar a vantagem e fechar as contas finais em 3-1. Mais uma grande jogada individual de Kempes, que depois serviu o avançado argentino para este escrever também o seu nome na história das finais de Campeonatos do Mundo.


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