Dream Team: Aston Villa - A Era de sonho

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Dream Team é uma rúbrica do blog Passe a Rasgar, onde serão recordadas as grandes equipas que fizeram história no desporto-rei, seja ao nível dos clubes ou ao nível das seleções. 

Os Leões de Inglaterra são um dos clubes mais antigos do mundo. Fundados em 1874, os Villains viveram o seu melhor momento na década de 80 com a conquista do Campeonato, Taça dos Campeões Europeus e Supertaça Europeia. 

As conquistas das Taça da Liga em 1975 e 1977 serviram de inspiração para a era de sonho que o Aston Villa iria atravessar no início da década de 80. A temporada de 1980/1981 arrancava com inúmeras dúvidas. Certezas só duas. Uma era que os candidatos ao título não eram poucos e a outra era que o Aston Villa ia encarar a época toda com 14 jogadores, que tinham a dura tarefa de encarar 42 jornadas. 

FIM DO JEJUM DE 70 ANOS
Apesar das dificuldades, os Villains começaram com uma vitória sobre o Leeds e o Norwich. Seguiu-se um empate com o Manchester City e uma vitória sobre o Coventry. O ciclo positivo terminou com uma derrota frente a Ipswich e Everton, mas a partir daí a equipa orientada pelo experiente Ron Saunders conseguiu superar-se e partiu para uma série invicta de 12 jogos. 
Três dos cinco jogos seguintes terminaram em derrota, mas mesmo assim o Aston Villa não baixou os braços e somou mais 10 jogos sem conhecer o sabor da derrota, contando ainda com sete vitórias consecutivas. O momento determinante da temporada aconteceu a 10 de Janeiro de 1981, com o Aston Villa, 2º classificado, a receber o campeão em título e 1º na Liga, o Liverpool. A diferença de golos separava os dois clubes, mas no final do jogo os Villains encontravam-se isolados no topo da tabela. Vitória por 2-0, com golos de Withe e Mortimer. 
O Tottenham colocou fim à invencibilidade, mas mais uma vez o Villa respondeu bem e venceu os seus três jogos seguintes. Faltavam cinco jornadas para o fim do campeonato e os 14 homens de Saunders recebiam o Ipswich. Os visitantes venceram por 2-1 e tudo parecia encaminhado para o título. Os últimos jogos ditaram um desfecho diferente do que o esperado. O Ipswich perdeu os seus dois jogos seguintes e o Villa recuperou a liderança depois da vitória frente ao Nottingham e empate contra o Stoke. A vitória na penúltima jornada por 3-0 contra o Middlesbrough colocou o Aston Villa com mais 4 pontos que o Ipswich, mas com menos um jogo. Na derradeira jornada, o Aston Villa perdia no terreno do Arsenal por 1-0 e o Ipswich vencia em casa do Middlesbrough também por 1-0. O destino do título ainda era incerto. O Boro deu a volta, venceu por 2-1 e entregou o título ao Aston Villa, que não festejava desde 1910. Peter Withe chegou no Verão de 1980 e foi considerado o melhor marcador do campeonato com 20 golos. Em 5 épocas no Aston Villa, Withe somou 182 jogos e 74 golos. 60 pontos, 26 vitórias, 8 empates, 8 derrotas, 72 golos marcados e 40 sofridos constituíram o balanço da época de sucesso. Na Taça e na Taça da Liga, a equipa não alcançou o sucesso do campeonato. No primeiro caso, o Villa só realizou um jogo, caindo aos pés do Ipswich na 3ª ronda. O mesmo aconteceu na Taça da Liga em que a equipa de Saunders perdeu para o Cambridge United na 3ª ronda por 2-1. 

UMA VILLA EUROPEIA 
A conquista do tão desejado campeonato 71 anos depois da última vitória, levou a que o Aston Villa marcasse presença na Taça dos Campeões Europeus pela primeira vez na sua história.
Para responder ao grau de exigência, Ron Saunders viu o seu plantel ser aumentado. Antes de iniciar a aventura europeia, o clube do centro de Inglaterra partilhou ainda a Supertaça inglesa com o Tottenham, depois de um empate a duas bolas. O Valur Football Club, da Islândia, foi o primeiro adversário na Europa. Os ingleses levaram a melhor, vencendo por 7-0 no conjunto das duas mãos. Seguiu-se um embate complicado frente ao Dínamo de Berlim. A vitória por 2-1 na Alemanha com dois golos de Morley aos 5 e 85 minutos foram suficientes para passar à próxima fase, apesar do Dínamo ter vencido em Inglaterra por 1-0. Nos quartos-de-final, a expectativa começou a aumentar, mas para chegar ao título era preciso eliminar o Dínamo de Kiev, e desta vez sem Ron Saunders ao comando. O treinador inglês estava no clube desde 1974, mas rescindiu a 9 de Fevereiro de 1982 após um desentendimento com a Direcção. O seu adjunto, Tony Barton, assumiu o comando e manteve-se fiel às ideias e ao modelo de jogo de Saunders. O empate sem golos fora, no jogo da primeira mão dos quartos-de-final, obrigou o Aston Villa a assumir o jogo em casa, vencendo por 2-0 e confirmando o favoritismo para atingir as meias-finais. Morley foi mais uma vez chamado a decidir uma eliminatória. Os Villains receberam o Anderlecht na primeira mão e venceram por 1-0. Na segunda mão, o empate sem golos foi suficiente para a equipa festejar a passagem à final.
O derradeiro desafio, em Roterdão, ficou marcado pela lesão de Jimmy Rimmer, guarda-redes, aos 10 minutos. Nigel Spink entrou para fazer o seu segundo jogo como sénior. Spink, de 23 anos, foi considerado por muitos como o melhor jogador, assegurando um resultado histórico. O Bayern entrou mais pressionante e teve as melhores oportunidades, mas foi o suspeito do costume, Peter Withe, que decidiu a final, ao apontar o único golo da partida aos 67 minutos.
Em termos domésticos, o Villa não foi feliz. Terminou em 11º no campeonato e não foi além dos quartos-de-final e oitavos-de-final da Taça da Liga e Taça, respectivamente. Na Taça Intercontinental, a sorte também não sorriu aos ingleses, que perderam por 2-0 frente ao Peñarol na final em Tóquio, mas os Villains não baixaram os braços e conquistaram a Supertaça Europeia frente ao Barcelona. Derrota por 1-0 em Espanha e vitória por 3-0 em casa. Shaw empatou a eliminatória aos 80 minutos e no prolongamento Cowans e McNaught deram a volta ao resultado.   
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Desde então, o mais perto que o Aston Villa esteve de repetir os feitos da década de 80 foi quando conquistou a Taça Intertoto em 2001, e agora, com o clube nas mãos americanas, aquele espírito de prestígio que governava os corações dos seguidores esfumou-se para dar azo a um incansável murmúrio de incerteza. Passaram-se 18  anos desde o último troféu conquistado pelos Villains, mas o último grande feito, a Taça dos Campeões Europeus, foi conseguida na temporada de 1981/1982. Os números não enganam e são já muitos anos que passaram sem honra, nem glória, pela história do clube.

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